sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mulher Macho sim senhor!


Na transição do Realismo para o Naturalismo, o mundo foi palco de grandes mudanças que caracterizaram a segunda metade do Século XIX, não havendo espaço para um romantismo exacerbado, os pensamentos literários fundem-se numa nova perspectiva. Nasce uma época, no Brasil, datada de 1881, época que estende-se até 1903, quando nasce uma obra - LUZIA HOMEM, denunciando uma inclinação reformadora do pensamento de sua época e acoplado ao engajamento social regionalista.

A julgar pelo título, já construimos sentidos e ativamos conceitos à obra de Domingos Olímpio, ao ver a foto da capa do livro e do filme, já idealizamos uma mulher pseudo feminina, aquela que tras consigo a força de um homem no corpo delgado de uma mulher, talvez a mais perfeita descrição de Erasmo Carlos à Paula Toller "Um falso faz de conta do que seja uma mulher".

A história se passa em Sobral - CE, Estado que geograficamente se avizinha conosco, certamente por isso (também) sua temática regionalista é reflexo de uma realidade também nossa, o drama reporta-se aos retirantes da seca em busca de melhores condições de vida, ao passo que no não dito do texto, mas concatenado ao engajamento de sua escola, o autor faz alusão ao grande problema do Nordeste, que foi há tempos idos e ainda é hoje, não a seca em sí, mas a má distribuição de rendas, e terras, para ser mais exato com o texto.

Abordando também o sincretismo religioso, a obra de Domingos Olimpio adiquire tons de intensa dramaticidade. E como não poderia deixar de faltar num romance, a dualidade do bem e do mal, a disputa por Luzia, que não tem nada de mocinha na história faz dessa obra um diferencial nas já batidas e rotuladas obras "água com açucar". O final? Não conto, leiam... (risos)

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