quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

psicopatas na literatura

Se levarmos em conta que de perto ninguém é normal, analisando que todo mundo é capaz de mentir, iludir, enganar podemos entender porque Rubem Fonseca trabalha em sua literatura projetando problemas sociais, isso ao meu ver, é o que torna seu trabalho um diferencial no acervo literário. Em Contos Reunidos há dois contos intitulados de passeio noturno I e II, onde o escritor mostra a rotina de um psicopata, um homem aparentemente normal, que essas pessoas podem ser qualquer um, desmerecendo qualquer comparação com pessoas não psicopatas, onde ele ( o personagem ) tem um emprego, casa, família e para todos os efeitos ele era um cidadão de bem, no entanto em passeios noturnos, com roteiros desconhecidos pela esposa e filhos, ele escolhia suas presas e as atropelava pelo simples prazer de matá-las. É um gozo particular e intransferível, que só uma mente doente é capaz de sentir que, ao final, voltava para casa como se nada tivesse acontecido e dizia a esposa que precisava dormir, que no dia seguinte teria muito trabalho.
Por leituras assim, diferenciadas, com caráter denunciador é que desmistificamos o uso da literatura como ferramenta de domínio puramente romântico. Essa característica forte no autor certamente advém de seu ingresso na Academia de Polícia do Rio de Janeiro em 1949 (BRAVO 2009 Nº 147). Se em toda obra ha o estilo do autor, o sabor de suas preferências, nas de Rubem Fonseca há bem mais, pois identificamos com clareza em seus livros uma projeção de seus próprios hábitos.
A partir dessa análise, e com base nos estudos da Drª Ana Beatriz Barbosa e Silva, podemos traçar o perfil de um psicopata, buscando na literatura de Rubem Fonseca um amparo textual para não sermos levianos nos conceitos. O que está em jogo são questões subjetivas, estamos tentando entender o perfil de pessoas incapazes de amar, senão a si próprios se tudo que elas fazem é apenas para obter algum prazer e/ou lucro pessoal.

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