segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dona do dom que Deus lhe deu

Esta semana a amiga Soraya Vieira celebrou sua primavera junto ao aniversário de seu site (que está cada dia mais lindo) e de sua coluna no Jornal Gazeta do Oeste. Infelizmente não pude ir prestigiá-la, mas tenho ceretza que ela recebeu minhas boas vibrações, e saber que foi um grande e merecido sucesso me deixa feliz e com um sorriso no rosto.
Eu poderia passar o dia aqui falando de Soraya e não conseguiria com meu português ruim, definir com palavras a essência dessa alma brilhante que trilhou nossos caminhos para ofertar sorrisos e flores. Quem a conhece, com ceretza sabe do que (e por que) estou falando.
Assim sendo, busco sempre uma voz que fale em meu nome aquilo que gostaria. Foi sentar aqui e me veio a inspiração de ofertar a amiga, uma canção que gosto muito e penso (com muita certeza) que traduz um pouco a trajetória da mulher guerreira e virtuosa - dona do dom que Deus lhe deu - a que conheci e agardeço por poder fazer parte desse caminho de aprendizagem rumo a condução da vida.

Dona do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me possui
E as pedras do que sou dilui
E eleva em nuvens de poeira
Mesmo que as vezes eu não creia
Me faz sempre ser o que sou e fui
Eu quero, quero, quero ser sim
Esse serafim de procissão do interior
Com as asas de isopor
E as sandálias gastas como gestos de um pastor
Presa do dom que Deus me pôs
Sei que é ele a mim que me liberta
E sopra a vida quando as horas mortas
Homens e mulheres vem sofrer de alegria
Gim, fumaça, dor, microfonia
E inda me faz ser o que sem ele não seria
E quero, quero, quero claro que sim
Iluminar o escuro com meu bustiê carmim
Memso quando choro
E adivinho que é esse o meu fim
Plena do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me ausenta
E quando nada do que eu sou canta
E o silêncio cava grotas tão profundas
Pois mesmo aí, na pedra ainda...
Ele me faz ser o que em mim nunca se finda
E eu quero, quero, quero ser sim
Essa ave frágil que avoa no sertão
O oco do bambu
O apito da flauta na imensidão.

(Chico César)

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