segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Tem câmeras até em Marte!



Hoje à tarde recebi uma visita bastante interessante. Na verdade não se trata bem de uma visita, mas de um hóspede definitivo. Eu já estava a sua espera. Já havia reservado um lugar para ele em sua nova casa desde quando entrei na fila de adoção. Tudo bem que não seja a Mansão do Caminho de Divaldo Pereira Franco nem a Biblioteca do Boró, mas acredito que ele vai gostar de seu novo endereço, e eu mais ainda. Suas acomodações foram reservadas bem ao lado de seus irmãos, filhos da mesma genitora, é claro. E como é de praxe nos tramites e processos de adoção, ficamos um tanto inquietos, ansiosos...

 Não se assustem, mas é que nesse exato momento vocês estão sendo vigiados...

Belmiro Barros de Brito já veio batizado, e curado, o que é melhor ainda. Intelectual de ponta conhece Dostoiévski e João Cabral de Melo neto melhor que eu. Na carta de adoção, inclusive, consta que seu genitor é descendente do cara que certa vez disse “um galo sozinho não tece uma manhã.” E por isso, somente por isso, já simpatizei com ele. A gente sempre simpatiza com aquilo que nos apraz... Tanto que a câmera bifurcada de sua face à orelha, nem me intimidou.

SORRIA VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO é diferente de tudo que ela já fez! Ana Beatriz Barbosa Silva em parceria com Eduardo Mello geraram meu novo filho. Não que costume rotular os autores (ou genitores, para manter o discurso), mas quem acompanha a série psicológica “mentes” da doutora, já sente uma certa intimidade com seu estilo de escrita. Intimidade esta que me faria arriscar, fosse essa uma opinião mais apurada, as partes do BBB que ela escreveu. 
 
A saga do nosso camerafóbico é gostosa de se ler em todos os sentidos: da textura do papel à fluidez do texto. Não consegui largá-lo até conhecê-lo por completo suas 110 páginas. Seu histórico veio dividido em três partes. E em alguma delas, haveremos de nos identificar e dizer “eu já vivi isso” ou “conheço alguém que já viveu isso”. 

A história narra através de crônicas em primeira pessoa, a saga de um quarentão infiel que descobre nas artimanhas de sua namorada, ou ficante fixa, aquela velha máxima de que é possível enganar alguém por algum tempo, alguns por muito tempo, mas é impossível enganar a todos o tempo todo. 

Ao ser filmado e ter sua traição revelada, ele passa a desenvolver uma espécie de fobias com câmeras e depois de um longo e prejudicial surto, ele tem sua vida falida. Através de um amigo de infância, porque nos bons enredos eles sempre existem, ele dá seu passaporte para a epifânia que lhe caracterizará nas páginas seguintes. 

De reality show ao Tibete ele passeia do popular ao populismo. Do ostracismo à glória, ele revela-se um desbravador de si mesmo e, decidido a curar-se, revela-se também vitorioso. Há que se ressaltar o bom humor verídico com que os autores conduzem a personagem por espaços que deflagram e expõe nossas identidades.

Por fim, gostaria de registrar ademais aos meus agradecimentos pelo presente que recebi da Dra Ana, a importância de se retomar numa linguagem clara e objetiva os valores que postos à mesa, tornaram-se relevantes e atuais, face ao profeta, que insiste em dizer “nós que passamos apressados pelas ruas da cidade merecemos ver as letras e as palavras de gentileza”, não nos permitindo declinar jamais. Seja qual for o problema, há sempre uma solução, basta enfrentá-lo usando a nosso favor, os mecanismos de defesa que dispomos para nossa superação e evolução. Parabéns por este trabalho. Não fosse registrado como o terceiro, passaria por inédito este raro e atual enredo para pais, filhos e netos. 

E como tudo meu termina em música, convido a autora a ouvir esse hit de Rui Veloso e Carlos T, imortalizado por Fafá de Belém e, quiçá, associá-lo ao Belmiro Barros de Brito:


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